English Abstract

Leinfelder, R.R. (1986):

Facies, Stratigraphy and Paleogeographic Analysis of Upper? Kimmeridgian to Upper Portlandian Sediments in the Environs of Arruda dos Vinhos, Estremadura, Portugal.-

Münchner Geowissenschaftliche Abhandlungen, A, 7, 1-215, München.

Resumo

Os sedimentos do Kimeridgiano Superior e do Portlandiano nos arredores afastados de Arruda dos Vinhos, Portugal, con stituem-se de siliciclásticos deltáicos da formação de Sobral, e de depósitos lagunários da formação 'Pteroceriano' (calcários e margas), e da formação de Freixial (calcários, margas e grés). Os depósitos lagunários tornam-se em clásticos litorais e terrestres para o norte e oeste.

Aqui dada sugestivamente é uma definição formal segundo as normas da ISSC para todas as unidades litológicas, que, além disso, é aplicada tentativamente para outras regiões, baseando em trabalhos publicados, de modo a dar um quadro litoestratigráfico à sequência altamente interdigitada da area em estudo e da inteira Bacia Lusitanica. Este procedimento é de importancia especial, devido ao facto da informação estratigráfica disponível ser pouca e por vezes até contraditória. A sequência investigada situa-se entre a biozona Virguliana e a biozona Lusitanica, que são baseadas em foraminíferos bentónicos. Uma subdivisão da primeira zona é possível devido ao aparecimento da alga Permocalculus n.sp., da qual uma descrição preliminária é dada.

A falta de uma classificação bioestratigráfica pormenorizada pode ser parcialmente compensada por considerações em graus de subsidência, espessuras de depósitos, mudanças globais do nível do mar, diacronismo, processos sedimentá rios e modelos depositários, para que uma reconstrução paleogeográfica, tipo esboço, possa ser concluída.

A formação de Sobral (Kimeridgiano Superior ao Kimeridgiano Superior final) compõe-se de três principais tipos de sedi mentos: grés com o lamelibranquio Eomiodon securiformis de agua salobre são atribuidos aos ambientes de delta externa; horizontes oolíticos delgados são interpretados como barras distais ou barras de marés; sedimentos limosos- margosos, frequentemente com o lamelibranquio Gervillia sobralensis em quantidades razoáveis ou com bancos do lamelibranquio Isognomon lusitanicum, representam depósitos de tipo prodelta e de baías deltaicas. Substratos macios foram também povoados pelo equinóide regular Pseudocidaris lusitanicus e às vezes por corais adaptados, os quais são interpretados em relação à sua função morfológica.

O complexo deltáico avançou do oeste e do norte, ficando dividido em direcção N-S por uma elevação morfológica e estrutural que foi causada possivelmente por diapiros salinos em ascensão. A delta não só adelgaça para o sul mas também para o sudeste devido a outra elevação estrutural ao longo do sistema de falhas de Vila Franca de Xira. Isto deu origem a graus reduzidos de subsidência, de modo que a distribuição para parte oriental da delta foi principalmente determinada pe lo depocentro de Arruda que estava descendo vigorosamente.

A formação sobreposta 'Pteroceriano' (Kimeridgiano final ao Portlandiano Inferior p.p.) limita-se principalmente a este depocentro. Ela estende-se apenas na sua base mais para o norte e oeste, coincidindo provavelmente com o máximo da subida global do nivel do mar. A parte inferior da formação é composta essencialmente por margas e calcários de baixa energia hidráulica. Entre esses, os calcários nodulares com Arcomytilus merecem interesse especial, por eles indicarem uma deposição de limo calcário pcr vezes muito rápida, seguida por adaptações morfológicas do lamelibranquio Arcomytilus morrisi. Coquinas macrofaunísticas são interpretadas como depósitos de tempestades.

Subsidência aumentada no depocentro de Arruda causou espessuras consideráveis e canalização pronunciada de argila terrigena. Isto contrasta com o bloco estruturalmente elevado, situado mais para o oeste, onde graus depositários diminui dos resultaram na formação de oncólitos e no estabelecimento ocasional da fácies corálica. Mais para o este, subsidência intensiva, embora intermitente, de um bloco entalado ('wrench block') na vizinhança do sistema de falhas de Vila Franca, levou a espessuras consideráveis. Simultaneamente sedimentaram-se siliciclásticos litorais no oeste e no norte (membro de Santa Cruz da formação de Bombarral, grupo de grés superiores), apenas influenciando rara e marginalmente a area do desenvolvimento da fácies »Pteroceriano«. Este facto indica o estabelecimento de uma "armadilha clástica« no norte e a actividade persistente das elevações mencionadas no oeste e no este, actuando agora como »barreiras~ contra sedimen tos clãsticos.

Geralmente ficando pouco profunda na parte superior da formação »Pteroceriano~, a bacia foi ocupada por manchas arre cifais limosas e tipos associados de fácies de alta e baixa energia hidráulica. Particularmente consideradas são as adapta ções dos corais a uma sedimentação »de fundo~ relativamente elevada, e a posição sistemática de algumas algas de se dimentos associados (Marinella lugeoni, Solenopora cayeuxiformis n.sp., Lithocodium sp.).

Este desenvolvimento foi limitado ao depocentro de Arruda. Uma protecção perfeita contra contaminações por clásticos terrestres depositados mais no oeste, norte e provavelmente, este, indica mais uma vez 'barreiras clásticas'; altamente efectivas (formação de Bombarral) em forma de elevações agora subaéreas. Altos graus de subsidência no norte resulta ram em apanhar grés grosseiros, deixando apenas argila passar para a bacia, depositando-se em areas tranquilas entre as manchas arrecifais individuais.

Durante a deposição da formação de Freixial (Portlandiano Inferior tardio ao Portlandiano final), nenhumas ,'armadilhas clásticas' foram evidentes, de modo que uma subida periódica do retropais e flutuações menores do nivel do mar resulta ram no progredimento e na retirada da fácies gresosa, do e para o oeste, norte e este. Mais no centro da bacia sedimenta ram-se calcários lagunários tipicos, dominados por foraminíferos durante tempos de salinidades ligeiramente elevados ou por algas durante tempos normais.

A região investigada estava a colmatar completamente em direcção para o limite Jurássico/Cretácico.

No Jurásico Superiortardio, a Bacia Lusitanica mostra as características típicas de uma bacia marginal proto-oceânica ex pressada pela competição entre o facies calcario e clasticos em progredimento. A configuração da bacia e a simetria da di stribuição dos sedimentos distinguem-se, todavia, das outras bacias marginais Jurássicas do novo Atlantico do Norte, in dicando a influência de parametros locais no desenvolvimento da bacia.

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Last changes Nov. 2004 by Reinhold Leinfelder