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da
terra de uma perspectiva européia e global
Werner
Onken - Trad.: Rudi Braatz
Como filho de uma mãe da Valônia e de um pai
prussiano, Silvio Gesell cresceu na região de Eupen-Malmedy, onde os idiomas e
culturas romanas e germânicas interagem. Em sua casa paterna, que era ao mesmo
tempo fortemente católica e protestante, se falava tanto alemão como francês.
Isto fez com que muito cedo evocasse nele o desejo de uma conciliação
franco-alemã, fato que expressou mais tarde em sua vida. Depois de estadas em
Berlim, Málaga na Espanha e Hamburgo, Gesell se mudou para a Argentina em 1887.
Em Buenos Aires foi comerciante com uma loja que vendia material dentário. Sua
experiência no exterior o ensinou cedo a reconhecer o individualismo, a
cidadania mundial e a rejeição a fronteiras como sinais marcantes de „pessoas
civilizadas“. [1]
No ano de 1899 Gesell voltou à Europa –
inicialmente para a Alemanha e logo depois para a Suíça. A partir de então
viveu alternadamente na região de fala francesa da Suíça, bem como em Potsdam e
Oranienburg, entrecortado por algumas permanências mais longas na Argentina.
Com publicações predominantemente no idioma alemão, mas também em espanhol, se
propôs a estabelecer as pré-condições econômicas para que todas as pessoas do
mundo, respeitado seus diferentes idiomas, religiões e culturas, pudessem
crescer juntas para se tornar uma única e grande “família humana” [2].
Reforma
da moeda – De uma perspectiva de estado nacional a uma perspectiva global
Em
seu primeiro folheto publicado em Buenos Aires no ano de 1891, Gesell descreveu
o „ dinheiro oxidante“ como meio para a reforma do sistema monetário num só
país. Ele imaginava que uma reestruturação do peso argentino e do então marco
imperial alemão em „notas de dinheiro oxidáveis“ iria conduzir ao equilíbrio
estável de longo prazo e que, conseqüentemente, o nível das taxas de juros
cairia gradualmente, tendendo a zero, de modo que o dinheiro perderia seu poder
estrutural sobre os indivíduos e os
mercados, já não produzindo efeitos injustos na distribuição da renda e do
patrimônio. O controle exato da quantidade deste „dinheiro oxidante“ de
circulação garantida deveria possibilitar a estabilização absoluta do poder de
compra de moedas como o peso, o franco suíço, o dólar ou o rublo.
Gesell
entendia que uma reforma monetária desta ordem seria o caminho para o „Estado
Social“ no qual a renda e o patrimônio seriam distribuídos com justiça segundo
um critério baseado em resultados produzidos por cada um. Ao invés de
estratificações hierárquicas do dinheiro e do capital real concentrado, por um
lado, e do proletariado despido da propriedade dos meios de produção, por
outro, deveria surgir uma sociedade de cidadãos livres e iguais na qual estes,
economicamente autônomos, pudessem produzir em horários flexíveis e
auto-determinados, vendendo seus produtos em mercados não monopolizados. [3]
Depois de mudar-se para a Suíça em 1902,
editou o periódico „A Reforma Monetária“, no qual surgiu pela primeira vez a
idéia de que os juros e os salários são grandezas internacionais em função do
entrelaçamento econômico mundial. A
redução das taxas de juros para próximo de zero em favor do contrato de
trabalho só seria possível, por isso, quando a reforma monetária fosse efetuada
em diversos ou eventualmente em muitos países.[4]
Reforma
do direito de propriedade sobre a terra:
A
terra como bem comum de toda população
Em
certo momento Gesell passou a se interessar e examinar com atenção a proposta
de Henry George, de que a propriedade do solo fosse tributada em benefício da
comunidade. A partir de George ele
ficou convencido de que, além dos juros sobre o dinheiro, também a renda
privada da terra produz injustiça social de modo que o acesso aos que é básico
para o sustento da vida não é mais igual para todos as pessoas. Ao invés do
„imposto único“ de George, Gesell propôs a reforma da propriedade da terra, na
qual todo o solo de um país seja encampado como bem comum mediante indenização
aos proprietários, que por sua vez pagariam, a partir daí, um arrendamento ao
poder público como contrapartida pelo uso do solo para fins de moradia e de
exploração.[5]
Rapidamente compreendeu também as implicações
internacionais da questão do solo, incluindo, então, além da área superficial do
solo, também os recursos do sub-solo de todo o planeta terra em suas
considerações. Ele perdeu de vista, não a aprofundando, deixando que futuras
gerações tratassem disso, a idéia revolucionária de que os recursos naturais
deveriam ser de uso para investimentos
de caráter ecológico numa dimensão global.[6] No primeiro plano de suas
preocupações estava o objetivo de assegurar acesso igualitário à parte
superficial do solo em países isolados como a Alemanha e a Suíça – não fazendo
para tal qualquer distinção entre cidadãos nacionais e estrangeiros. As
receitas de arrendamento deveriam servir para garantir a segurança social de
mães e filhos, não fazendo, também, qualquer distinção quanto à origem ou cor
de pele. „No contexto do globo terrestre, todas as pessoas têm direitos iguais
– sem diferenças de raça, religião, de formação educacional ou características
físicas. Somos todos velhos nativos da terra. ... Nenhuma mãe,
independentemente de onde ela provir, poderá ser excluída dos recursos
arrecadados com arrendamento.“[7]
Reforma
Monetária Internacional
Durante
sua segunda permanência na Argentina (entre 1907 e 1911) Gesell desenvolveu
suas idéias sobre a ordem monetária internacional. Além disso, para a
estabilização dos preços internos, achava necessária a estabilização das
diversas moedas internacionais, a fim de preservar o comércio internacional de
especulações com divisas e contra as crises. Com este objetivo, entregou, em
1909, ao governo argentino e ao Banco Central, a sugestão de que os países do mundo
fossem convidados para uma conferência internacional sobre moeda, em Buenos
Aires. Nesta conferência deveriam ser definidas regras comuns de um compromisso
de política monetária internacional para o „organismo internacional“ da
economia mundial, como um „ato coordenado de irmandade internacional“.[8]
Considerações
de política européia durante a primeira guerra mundial
Influenciado
pela primeira guerra mundial, Gesell esboçou em grandes linhas a idéia de uma
„Central Quatro de Força Mundial” – uma união de países europeus continentais
que se congregariam, mantendo sua soberania econômica e que, ao lado dos EUA,
Inglaterra e Rússia, constituiriam um quarto campo de força na política
mundial. Individualmente os países-membros deveriam
1.
estabilizar
de tal modo sua relação das taxas de câmbio que a estrutura das cotações de
câmbio entre eles permanecesse estável;
2.
proteger
as matérias-primas do uso indevido por parte de entes privados e públicos, no
âmbito dos direitos civis gerais;
3.
prescindir
de qualquer tipo de taxas alfandegárias, baseado em „autêntico comércio livre“,
onde não existiriam monopólios. Uma união aduaneira européia era considerada
por Gesell „um equívoco“, pois estabeleceria muros de fronteira artificiais
contra as demais centrais de força, dificultando sobremaneira a fusão natural.“[9]
Segundo
imaginava Gesell, a „Central Quatro de Força Mundial” não deveria ser mantida
unida em função de características culturais, históricas ou raciais, mas tão
somente em função de um „materialismo crasso“ e suas inerentes vantagens de
união econômica.[10] A ela „deveriam poder aderir um
sem-número de países, também os exóticos, pretos e amarelos“. A admissão, tanto
quanto a retirada da Central Quatro, deveriam ser atos espontâneos. Imaginou,
inclusive, que o esperanto, „um idioma artificial, livre de quaisquer sotaques
raciais, de povos, históricos e geográficos, poderia ser o meio de entendimento
entre estes povos”.[11]
O
entendimento entre os povos após a primeira guerra mundial
Gesell
interpretava como sendo uma „mancha bem pessoal“ os séculos de história alemã
marcados pela vassalagem feudal e as recentes ambições de grande potência. A
primeira guerra mundial, que iniciou com a invasão da „pacífica Bélgica“ é
visto por ele como uma „criminosa guerra nacionalista“ e também „um dos eventos
mais terríveis da história mundial“.[12]
Ao
final da guerra, Gesell exigiu que se pusesse fim à „loucura nacionalista“. A
Alemanha deveria pagar as reparações exigidas pelas nações vencedoras e, no
interesse da conciliação com os franceses, os poloneses e os tchecos, abrir mão
da reivindicação de quaisquer territórios.[13]
A
fim de obter a paz interna e a conseqüente irradiação desta para os países
vizinhos, a Alemanha deveria tirar as conseqüências da compreensão de que as
guerras são „filhos naturais“ de nossas próprias condições sociais. O país
deveria superar internamente a injustiça e o estado de guerra resultante dos
privilégios auferidos pelos detentores da terra e do dinheiro, de modo a dar o
exemplo ao mundo de como pode ser estabelecida uma autêntica política de paz,
depois da catástrofe da primeira guerra mundial. „A guerra civil é um efeito
colateral da estratificação do povo em classes, sendo a luta destas classes
entre si a guerra civil econômica. ... „Quem desejar, portanto, a paz dos
povos, terá que buscá-la no altar da paz civil. A paz civil é a semente
geradora da paz entre os povos .“[14]
Depois
da reforma do sistema monetário e do direito de propriedade sobre a terra, bem
como da eliminação de todas as taxas alfandegárias, as divisas entre países
passariam a perder seu caráter de linhas divisórias. As fronteiras passam a ser
tão somente divisas administrativas como as que separam os cantões da Suíça;
elas já não impedem que povos vizinhos, resguardadas as suas identidades
culturais e de idioma, de se inter-relacionar economicamente e de estabelecer
laços familiares.[15]
Como
forma de reduzir os motivos de conflito em torno de recursos naturais,
especialmente em regiões de fronteira, Gesell retomou, após a guerra, suas
idéias sobre a internacionalização dos recursos naturais. Os direitos de
soberania nacional sobre recursos naturais representavam para ele,
conseqüentemente, um „barril de pólvora para a guerra“. Por isso ele recomendava,
como caminho para atenuar os conflitos entre a Alemanha e a Polônia, a
transformação das reservas de carvão existentes na Silésia superior em área
administrada internacionalmente que chamaria de „carvão livre“. Tendo em vista
a expansão dos transportes modernos já anteviu o significado de uma
internacionalização das reservas petrolíferas e de outros recursos naturais
para assegurar a paz mundial. Não fez, contudo, qualquer proposta concreta para
uma administração internacional destas reservas mundiais tidas como bens comuns
de uso privado mediante indenização.[16]
Além-fronteira
alemã e européia: O esboço de uma
Associação
Valuta Internacional (1920)
Ao
invés disto, Gesell se concentrou inicialmente, em 1920, em desenvolver idéias
relacionadas com a ordem monetária internacional, a partir do que havia
concebido em 1909. Segundo o exemplo da União Monetária Latina, os países do
mundo poderiam criar uma Associação Valuta Internacional (AVI) com sede na
Suíça, um país neutro. A AVI deveria colocar à disposição dos países membros
dinheiro emitido pela AVI como meio de pagamento internacional num montante de
cerca de 20% de seu dinheiro em poder do público, sendo que este dinheiro teria
uma cotação fixa em relação às moedas reformadas de cada país e circularia em
paralelo com as mesmas. Cada país emitiria montante equivalente de letras de
câmbio para receber o dinheiro emitido pela AVI. Em caso de desequilíbrio entre
as entradas e saídas das notas da AVI em cada país, a AVI faria a compensação,
cobrando as letras de câmbio com juros punitivos.[17]
De
modo geral, Gesell entendia que o mundo é „o lar de toda a humanidade no cosmos
... que nunca pode ser visto de uma ótica nacional“. Cada indivíduo seria „um
membro anatômico deste corpo chamado humanidade“. A terra seria, segundo ele,
um grande „indivisível e íntegro organismo econômico”, propriedade inalienável
de toda a humanidade. ... Dos pretos, dos vermelhos, dos amarelos, dos brancos
– a terra indivisível pertence a todos sem exceção. ... Cada indivíduo, independentemente
a que país pertença, tem o direito igual sobre o „carvão inglês“, sobre o
„petróleo americano“ e sobre o „Kali (adubo) alemão”.“[18]
Nesse
sentido, via como „pensamento doentio“ a idéia de um território econômico
nacional fechado expansível por incorporação de colônias e conquistas, com
pretensão autárquica.[19] Ao invés disso, todos os países
ultramarinos deveriam ser independentes das potências coloniais política e
economicamente e competir livremente nos mercados mundiais pós-capitalistas sem
monopólios e tarifas aduaneiras. Assim, o sistema de mercados locais,
regionais, nacionais e internacionais já não seria mais conduzido
equivocadamente pelos interesses capitalistas, mas – considerados os custos
reais de transporte – determinado unicamente pelas necessidades humanas. Como
conseqüência do nível da taxa de juros internacionais tender a zero, o
intercâmbio de mercadorias e de serviços seria operado por preços justos, o que
poderia equilibrar a longo prazo os mercados mundiais, que até então estavam
sendo perturbados por interesses de poder.
“A
absurda unificação européia“
Enquanto Gesell, depois da guerra,
deixou sua idéia da Central Quatro de Força Mundial“ da Europa continental e
sonhava com um comércio mundial sem monopólios, Richard Coudenhove-Kalergi
(1894 – 1972) concebeu, a partir da década de 1920, uma „União Pan-Européia”
que pode ser considerado como o primeiro movimento de unificação européia.
Semelhante à Central Quatro de Força Mundial“, Richard Coudenhove-Kalergi
entendia que poderia haver uma união de estados europeus continentais sem a
Inglaterra e a Rússia. Com a União Pan-Européia não se pretendia, na realidade,
obter uma união dos estados europeus com uma moeda comum e a reforma do direito
de propriedade sobre a terra como forma de atingir a paz interna dos países
europeus continentais. Ao invés disso, pretendiam que a União Pan-Européia
fosse governada em conjunto com uma moeda comum para funcionar como contrapeso
de poder econômico contra os EUA e o império britânico e contra o baluarte
militar do comunismo russo.[20]
A
respeito destas idéias, Gesell advertia em 1926 que a Europa, como uma região
econômica, mesmo que unida, se distanciaria do resto do mundo em função das
tarifas aduaneiras. “Não tenhamos
ilusões. Uma União Aduaneira Européia constitui uma área de comércio isolada.
... As tarifas aduaneiras de fronteira entre os países europeus propiciaram as
motivações econômicas para a guerra européia. ... Da mesma forma, as fronteiras
aduaneiras da União Aduaneira Européia estabelecerão interesses e ambiente
conspiratório que nos levarão a uma guerra mundial contra as uniões aduaneiras
pan-americanas e pan-asiáticas. ...
Quem de verdade desejava a paz, rejeitava de plano a fórmula pan-européia e
exigia que se ambicionasse o todo, isto é, a eliminação de toda e qualquer
fronteira aduaneira, o comércio mundial livre.“[21]
Depois
de ter reconhecido a dimensão internacional da reforma monetária e do direito
sobre a propriedade da terra, voltou sua atenção muito além da Europa para a
economia globalizada. Da maneira como entendia o livre comércio mundial, este
se diferenciava fundamentalmente do atual ‚comércio livre neo-liberal’. Este na
realidade não é um comércio mundial livre de monopólios e baseado num duradouro
e justo sistema monetário e igualitário direito sobre a propriedade da terra.
Trata-se, muito pelo contrário de um desenfreado „Capitalismo de Rapina“ com
domínio predador dos mercados de capitais e dos grupos econômicos sobre as
pessoas e a natureza. Em contraposição a isto, Gesell imaginada como o globo
terrestre poderia ser no futuro, com os povos e as sociedades distribuídas
sobre o mesmo de forma socialmente justa e como estas poderiam estar associadas
entre si numa rede igualitária que
batizou de Associação Valuta Internacional.
É bem verdade que naquela época não possuía ainda qualquer consciência
ecológica. Suas considerações sobre a terra e sobre todos os recursos naturais,
que considerava inalienáveis bens comuns de toda a humanidade, permitem,
contudo, uma amplificação do conceito para lhe dar um caráter ecológico.
Sobre a Europa, a visão de Gesell esteve turbada durante a primeira
guerra mundial, quando sugeriu que se contrapusesse às grandes potências, os
EUA, a Inglateera e à Rússia, uma „Central Quatro de Força Mundial“. Esta não
deveria ser, porém, mais uma grande potência militar-capitalista, e sim um
poder baseado na justiça ao invés do poder, que deveria estar aberto para
associações de caráter federativo com todos os países do mundo, voltado para
uma economia de mercado pós-capitalista.
A menção explícita de que os países membros deveriam respeitar os
direitos humanos indica claramente que uma tal associação necessitaria, além
das vantagens de caráter econômico, contar com valores comuns como fator de
integração. (A longo prazo, a Força Quatro também poderia estar aberta para as
potências como os EUA, a Inglaterra e a Rússia, tão logo estas mudassem
respectivamente do capitalismo e do comunismo para uma „economia de mercado sem
capitalismo“.) Uma união aduaneira européia restrita só transporia o
imperialismo e a guerra de um patamar de estado nacional para um mais alto de
âmbito continental.
Gesell se opunha com ceticismo à
Liga das Nações criada no início da década de 1920 porque seus estados membros
deixaram aproveitar a oportunidade para reformar o sistema monetário
internacional e o direito sobre a propriedade da terra: “Estes cogumelos
sociais resultantes da cisão e dos explosivos, que já fizeram com que os
estados da antiguidade ficassem em escombros, também liquidarão com nossa
cultura, se não conseguirmos nos libertar a tempo. ... A Liga das Nações pode
se transformar numa união de livre comércio ou uma frágil casca de noz que
quebrará facilmente com o acirramento dos contrastes sociais. ... Mesmo que o
desenrolar da história tenha confirmado esta expectativa, Gesell interpretou
erroneamente e subestimou o direito dos povos como algo que não passa de uma
„paz de papel“. O direito dos povos é indispensável e um parâmetro para o
comportamento de países capitalistas nas guerras civis e entre povos. Por esta
razão teria sido melhor complementar o direito dos povos com o direito de cada
indivíduo de acesso igual ao uso da terra e de seus recursos maturais, bem como
do direito ao intercâmbio justo de seus bens produzidos com trabalho,
reforçando, assim, o direito dos povos de um modo geral. Nesse sentido, Gesell
considerou, ao final de sua vida, numa aliança da AVI com a Liga das Nações,
precursora da Organização das Nações Unidas.[22]
Sua
concepção da AVI foi precursora do „Plano Bancor“, de John Maynard Keynes
(1943), ao mesmo tempo que poderia ter sido uma contraposição às considerações
do „Círculo de Kreisau”. Este „Círculo de Kreisau“ também partia do pressuposto
de que um intercâmbio de livre comércio justo – como na antiguidade as grandes
rotas de comércio – uniria os povos do mundo entre si, assegurando a paz.
Influenciados por estas e outras idéias de Walter Eucken, contrapunham os planos nacional-socialistas
de um economia européia de amplo espaço com a intenção de reabrir o livre
comércio no mundo.[23]
Em
sua „Teoria Geral“ (1935), Keynes registrou compreensão para a proposta de
Gesell sobre o „dinheiro oxidante“.
Esta idéia de onerar o dinheiro com custos artificiais de entesouramento
foi absorvida por ele na segunda guerra mundial em sua concepção da
„International Clearing Union“ (ICU). Diferentemente da concepção de Gesell
quanto ao AVI, um banco central mundial e supra-nacional deveria eliminar os
desequilíbrios do comércio mundial com um sistema de encontro de contas e não
com moedas verdadeiras de curso internacional. Cada país membro teria uma conta
na ICU na qual todos os pagamentos internacionais seriam convertidos em „Bancor“.
Com este procedimento Keynes pretendia onerar todas as contas „Bancor“, tanto
dos países devedores como dos credores, com uma taxa de juros progressiva,
mobilizando tanto devedores como credores para que zerassem seus superavits e
deficits. Na Conferência de Bretton Woods (1944), contudo, seu plano do
„Bancor“ não conseguiu se impor ao plano White dos norte-americanos. Segundo o plano White, o dólar foi alçado à
posição de moeda líder mundial e criados o Fundo Monetário Internacional, o
Banco Mundial e o GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio), instituições que,
junto com o capitalismo e o colonialismo, consolidaram a divisão do mundo em
quatro mundos hierarquizados (Senghaas).[24]
Depois
da segunda guerra – que rumo para a Europa?
Como
depois de 1945 ressurgiu a economia de mercado capitalista com seus privilégios
sobre a terra, bem como sobre o dinheiro e o patrimônio, o processo da
integração européia só poderia iniciar socialmente torto com mercados dominados
pelo poder monopolista. Assim, a União do Carvão e do Aço fundada em 1951 foi,
por certo, um passo importante da reconciliação franco-alemã, mas permitiu
apenas um mercado comum para o livre comércio de carvão e aço, sem estabelecer
condições para uma gestão conjunta de recursos naturais, voltada para a reforma
dos direitos de propriedade sobre a terra. Muito pelo contrário, a União do
Carvão e do Aço, assim como a Comunidade Econômica Européia, pretendiam ser
apenas instrumentos para o fomento ao crescimento industrial. O mercado comum da
Comunidade Econômica Européia (CEE) ficou caracterizado pela injustiça na
distribuição da riqueza, em função do poder estrutural do dinheiro e das
distorções monopolistas. E o conflito não resolvido entre o trabalho humano e o
capital foi atenuado às custas da natureza, em função do crescimento
industrial. Em reação à crescente dependência de importações de petróleo e gás
de outras partes do mundo, foi decidido em 1957, com o contrato da Euratom,
implantar uma forte rede de geração energética nuclear, de modo a assegurar
crescimento e bem estar nos países da comunidade européia com a ajuda da
energia atômica. A política agrária comum, por sua vez, deveria assegurar a
alimentação, industrializando a agricultura que não era competitiva,
protegendo-a da quebra total com subvenções e tarifas.
Por
um lado, os adeptos de Gesell apoiavam o processo de integração européia que
estava começando como uma oportunidade de pacificar a Europa, depois de séculos
de guerras. Temiam, contudo, que a integração européia, em função das
inalteradas e injustas e conseqüentemente instáveis estruturas sociais, faria
com que em cada país se estabelecessem burocracias supra-nacionais não
controláveis pelo processo democrático: “A Europa unificada não pode se
transformar num super estado, mas tão somente uma federação européia, a exemplo
da Confederação Helvética. O objetivo não é o estado único e sim a variedade
dentro da união.“[25]
Contra
o pano de fundo de um conflito Leste-Oeste, que se acirrava cada vez mais na
década de 1950, os adeptos de Gesell optaram pela „neutralidade ativa“. Sem
vinculação militar aos blocos capitalista e comunista, a Alemanha (a Ocidental
e a Oriental juntas) deveria dar o exemplo ao mundo e especialmente aos países
neutros, de conciliação e de política para a paz, através da reforma do direito
sobre a terra e do sistema monetário.
Esta posição continha implícita a rejeição à obtenção de energia de
fontes nucleares.[26]
Ao
invés da vinculação unilateral da Alemanha ao ocidente ou sua integração ao bloco
de força europeu ocidental, particularmente Herbert K. R. Müller sugeria a
„integração universal ao conjunto da economia mundial“. O acesso ordenado e
justo à terra e aos recursos naturais, bem como corretas relações de troca,
deveriam estabelecer as condições para o livre comércio mundial, sem qualquer
protecionismo de estados nacionais. Neste contexto, Müller reivindicava ao
ocidente capitalista que libertasse os países da América Latina, da África e da
Ásia do jugo colonial, dando-lhes a oportunidade, especialmente através de
reformas agrárias, de se desenvolver com autodeterminação, sem a interesseira e
assim chamada “ajuda para o desenvolvimento” do ocidente.[27]
Com
respeito à integração européia, que progredia celeremente, Elimar Rosenblohm
alertava, na metade da década de 1960, contra o „nacionalismo europeu“ que
vinha se desenvolvendo consciente ou inconscientemente contra o nacionalismo
americano, russo ou chinês. Seria isto um progresso em relação ao nacionalismo
alemão ou francês? Nacionalismo significa fronteiras, significa distanciamento
do resto do mundo. Ninguém faz segredo de que a Comunidade Européia foi pensada
como contrapeso econômico a outros blocos econômicos. Quanto a assim chamada
guerra do „frango, dos ovos e da carne“ da comunidade européia contra os EUA e
outros países, Rosenbohm defendia uma política européia democrático-federativa,
ao invés de supra-nacional-centralista.[28]
Karl
Walker também considerava importante superar o pequeno-estatismo e a integração
da Europa como uma „idéia grandiosa de política mundial“. No entanto, via a burocracia da Comunidade
Econômica em Bruxelas como um retrocesso „ao que era condenável da ordem
autocrática em busca de dominação“. A assim chamada economia livre de mercado
da Comunidade Européia era considerada por Walker como uma “reedição atrasada
do estado comercial fechado” de Johann Gottlieb Fichte. E os regulamentos aduaneiros da Comunidade
Européia quase não são diferentes daquilo que foi feito quando, em 1833, foi
instituída a União Aduaneira Alemã em escala menor. A economia de mercado da
CEE não é, do jeito que está, um sistema aberto ao mundo; os antigos problemas
das políticas aduaneiras foram apenas empurrados com a barriga para as
fronteiras externas da Comunidade.“[29]
No que se refere à política monetária, Walker evoluiu suas idéias a
partir da IVA de Gesell e do Plano Bancor de Keynes, apresentando um „Programa
dos Dez Pontos“ para uma moeda européia, que deveria circular em paralelo com
as moedas de cada país. Quanto a uma moeda européia única, Walker manifestou a
preocupação de que esta conduziria à formação de um bloco de força europeu que
rivalizaria com outros blocos de força.[30]
Pouco
antes da grande transformação no centro e Leste da Europa, Roland Geitmann
apresentou suas idéias a respeito da reforma do direito de propriedade sobre a
terra e do sistema monetário no contexto da herança cultural da Europa central.[31] Como ao final do confronto
Leste-Oeste surgiu uma nova ruptura entre o ocidente „civilizado“ e o mundo
árabe, o cumprimento desta tarefa da Europa se tornou ainda mais premente. Ao
invés de se desenvolver como sociedade civil voltada para a paz, reforçando seu
papel de intermediário global, a Europa optou pelo caminho de tornar-se uma
potência econômica e militar, desde o início da década de 1990.
Dick
Löhr não criticou o mercado interno europeu de uma perspectiva de estado
conservador-nacionalista, e sim de um ponto de vista liberal. Viu nele um passo
em direção a uma política errônea de criação de um bloco supra-nacional e de
distanciamento do resto do mundo.[32]
Pela mesma razão Löhr e Thomas Betz se manifestaram, em 1998, contra a
introdução do Euro – com evidente simpatia pela „Causa contra o Euro“
apresentada por Schachtschneider, Nölling, Starbatty e Hankel perante o
Tribunal Federal Constitucional - , enquanto Eckhard Behrens esperasse mais
vantagens do que desvantagens da introdução do Euro.[33]
As
continuadas infrações dos „pecaminosos do deficit“, como a Alemanha e a França,
contra o pacto de estabilidade européia justificam levantar dúvidas adicionais
sobre a funcionalidade econômica do Euro.
Günter Hannich conclui disso que apenas espaços monetárias nacionais
próprios estão em condições de chegar à estabililidade econômica geral. Por
isso, já estaria „pré-programado“ o fim do Euro.[34] O objetivo da integração
européia é rejeitado por ele em função de „fronteiras naturalmente
estabelecidas“ (!) entre os diversos povos e afirma amplamente que „a Europa só
é interessante para a maioria dos países porque recebem tributos (subsídios) da
Alemanha.”[35] Ao invés desse tipo de ressentimento nacionalista, apenas deveriam ser
levados em conta a avaliação da EU e do Euro quanto a sua funcionalidade
econômica e seu papel no contexto da distribuição do poder político no mundo.
As
infrações dos pecadores do deficit ameaçam o poder de compra do Euro, da mesma
maneira como foram ameaçados os poderes de compra do marco alemão, do franco e
da lira. Com a introdução do Euro, é bom lembrar, não se alterou nada dos fundamentos
da estrutura de poder do dinheiro. Apenas o espaço monetário se tornou maior,
fazendo com que a distância entre as populações e as esferas de decisão de
política econômica também se tornasse maior.
Para as aspirações em torno da reforma monetária e o caminho para obter
peso político legítimo ficou ainda mais difícil. A reação a esta realidade é a
atual difusão de moedas regionais („Regio em complementação ao Euro“).
Possivelmente estas tendências contribuirão para a transformação da forma de
pensar sobre as questões políticas envolvendo o sistema monetário,
especialmente se as moedas regionais de fato praticarem a “oxidação” do
dinheiro, diferentemente de muitos grupos de escambo.[36]
Depois
que a reunificação alemã se concretizou por interesses de poder e o Euro se
transformou em realidade, faz mais sentido para o futuro pacífico da Europa que
a reforma do Euro seja feita na direção do “dinheiro oxidável” do que pretender
o retorno das antigas moedas de cada país. E a „oxidação“ poderia ser praticada
com o auxílio das tiras magnéticas nas notas de dinheiro, segundo uma sugestão
do banqueiro norte-americano Marvin Goodfriend.[37] Isto poderia contribuir para o objetivo da estabilidade da moeda que
consta no Art. 29.2 e III/77.1 do Banco Central Europeu. E poderia, além disso,
contribuir para estabelecer a base econômica da maior justiça social e para uma
atividade econômica ecologicamente sustentável na Europa, no contexto do
Imposto Tobin e de medidas de redução da dívida do terceiro mundo.
Por enquanto prevalece, contudo, na minuta de constituição da União Européia, a tendência de ampliação da UE como uma „fortaleza Europa“ (especialmente no Artigo 40), ao invés da idéia de eliminação de tarifas alfandegárias por parte da força de paz dominada pela sociedade civil, capaz de concretizar a “função-ponte” entre o terceiro mundo e os EUA. É bem verdade que a minuta de constituição da UE contém o objetivo de fomentar a justiça social (Art. 3.3). A UE não oferece a seus cidadã(o)s, o que promete no Art. 3.2., isto é, „um mercado interno de livre competição sem distorções“. No âmbito da garantia ao livre movimento das pessoas, dos bens, serviços e capital (Art. 4.1), não só permite o livre fluxo ilimitado de capital, como também sua constante acumulação. Desta maneira, a competição será cada vez mais dominada pela concentração de capitais em mãos de monopólios e oligopólios. A posse dos meios de produção (Art. II,17) está insuficientemente ligada ao social, mas ao mesmo tempo se espera que a mão-de-obra se adapte às “necessidades das mudanças econômicas” (Art. II, 15,1 und III,97).[38]
Objetivo
distante: Administração dos recursos naturais e integração monetária sob a
égide das Nações Unidas
No
caso do continuado desenvolvimento social, ecológico e democrático da
Constituição Européia sobre a base do Euro reformado, também seria possível,
mais adiante, a integração global do dólar, da libra, do euro, do franco suíço,
do yen e de outras moedas numa rede que obedeça aos princípios básicos do plano
„Bancor“. E isto poderia ser concretizado melhor sob o teto comum das Nações
Unidas. Desta maneira a atividade
econômica numa parte do mundo poderia libertar-se da armadilha Norte-Sul,
estabelecendo gradualmente um equilíbrio global Norte-Sul, Leste-Oeste.
Ao final da década de 1990 o „Bancor“ de Keynes vinha sendo examinado
com atenção no seio das Nações Unidas: „Keynes desejava que o ônus do ajuste
estrutural fosse suportado tanto pelos países com superavits como pelos que
geravam deficits. Chegou até mesmo a sugerir um juro punitivo de 1 % ao mês
para superavits especialmente altos.“[39] Mesmo que não tenha acontecido uma discussão mais ampla e ainda ter que
se percorrer um longo caminho para chegar à administração global dos recursos
naturais[40], seria interessante que o movimento em prol da reforma monetária e do
direito sobre a propriedade da terra se envolvesse mais de perto com as Nações
Unidas, contribuindo para a discussão corrente do tema “Global Public Goods”.[41] Neste contexto, a sugestão de uma moeda global com o nome de „Terra“,
conforme proposta por Bernard Lietaer, também está sendo imaginada onerada por
custos artificiais de entesouramento -
Lietaer chama estes custos de “taxas de sustentatibilidade”. Esta nova
moeda global teria, contudo, duas desvantagens: deveria ser criada tendo como
lastro uma „cesta de recursos naturais“ e posta em circulação por grupos
multinacionais.[42]
Nas discussões sobre
o „diálogo das culturas“, sobre a ética mundial e sobre a „governabilidade
global“, falta ainda atribuir às Nações Unidas a administração global dos
recursos naturais e da integração das moedas. Mas as Nações Unidas poderiam ser
um elemento na „arquitetura concreta de um mundo parcamente homogêneo“[43], bem como do
futuro ordenamento político do mundo. Caso assumisse a tarefa de uma tal
configuração econômica, o papel das Nações Unidas teria importância cada vez
maior. Isto evitaria conflitos e liberaria as Nações Unidas das atuais ingratas
tarefas que são conseqüência da forma de globalização neoliberal-capitalista,
chamando-a a intervir da América Latina, na África e na Ásia, sempre com
insuficiência de recursos.
[1] La cuestión monetaria argentina (1898), in: Gesammelte Werke Band 2, S. 222.
[2] Die Natürliche Wirtschaftsordnung durch Freiland und Freigeld (1916/20), in: Band 11, S. 225.
[3] Die Reformation im Münzwesen als Brücke zum sozialen Staat (1891), in: Band 1, S. 61 - 62 (sozialer Staat) sowie Band 1, S. 135 und 367 und Band 7, S. 298 (flexible Arbeitszeiten)
[4] Eine neue Orientierung auf dem Gebiet der sozialen Frage, in: Band 3, S. 141.
[5] Wie Anm. 3 und Das Recht auf den vollen Arbeitsertrag durch die Geld- und Bodenreform (1904), in: Band 4, S. 45 – 87.
[6] Das Recht auf den vollen Arbeitsertrag durch die Geld- und Bodenreform, in: Band 4, S. 78 – 79.
[7]
Band 11, S. 72.
[8] La pletora monetaria 1909 y la anemia monetaria de 1898 (1909), dt. Übersetzung in: Band 5, S. 178 – 248, hier: S. 235 - 245. – Schon 1898 zeigte sich Gesell beeindruckt vom Weltpostverein und vom Internationalen Roten Kreuz; vgl. Band 2, S. 222.
[9] Die Weltkraftzentrale VIER und ihre Verfassung (1916), in: Band 8, S. 295 – 306, hier: S. 301.
[10] Die Weltkraftzentrale VIER und ihre Verfassung, S. 296. „Darum wähle man zum Wappen für VIER keinen Adler, keinen Löwen, kein Kreuz, kein Symbol höheren Seelenschwunges, sondern ähnlich wie die glitzernden Silberdollars in der Fahne der Vereinigten Staaten erhebe man eine Geldbörse zum Wappen von VIER.“ (ebd.)
[11] Die Weltkraftzentrale VIER und ihre Verfassung, S. 295 und 306.
[12] Zu Gesells Einstellung zur deutschen Geschichte vgl. Band 15, S. 163 – 166, sowie Band 16, S. 286. - Zum Überfall auf Belgien vgl. Band 10, S. 238 und 331; Band 13, S. 77. – Zur Einstellung zum ersten Weltkrieg vgl. Band 10, S. 22, sowie Band 16, S. 186 –189. - Allerdings ließ sich Gesell zu Beginn des Kriegs auch eine Weile von der allgemeinen Kriegsstimmung anstecken und stimmte der Bewilligung von – zinslosen – Kriegskrediten zu; vgl. Band 8, S. 142 und 144 – 153.
[13] Zum „nationalistischen Wahn“ vgl. Band 14, S. 397, und Band 16, S. 96. - Zu den Reparationen vgl. Band 12, S. 301 – 303; Band 13, S. 313. - Zum Frieden mit Frankreich und zum Verzicht auf Elsass-Lothringen vgl. Band 13, S. 141 – 144 und S. 314 – 321, sowie Band 14, S. 310 – 317 und S. 383. - Zum Frieden mit Polen und Tschechien vgl. Band 14, S. 319 – 320, Band 15, S. 221, und Band 16, S. 71.
[14] Band 11, S. 55. - Band 12, S. 290 – 292.
[15] Über die Grenzen vgl. Band 11, S. 69 – 72, und Band 12, S. 152 - „Lassen wir den vollen Freihandel nur einige Jahrzehnte sich frei entwickeln und wir werden bald sehen ..., mit welcher Liebe gute Beziehungen gute zu den Nachbarvölkern vom ganzen Volke gepflegt werden, wie die Familien hüben und drüben durch Bande der Verwandtschaft fest aneinander gekettet werden, wie Freundschaft zwischen Künstlern, Gelehrten, Arbeitern, Kaufleuten, Geistlichen alle Völker der Welt zu einer einzigen großen Gesellschaft verketten wird, zu einem Völkerbund.“ (Band 11, S. 94) - Vgl. außerdem Band 12, S. 150 – 153.
[16] Band 11, S. 68 (Hoheitsrechte über Ressourcen als Pulverfass des Krieges). - Freikohle: Die Formel für den Frieden in Oberschlesien , in: Band 13, S. 94. – Oberschlesien sollte Gesell zufolge nicht unter dem Aspekt der staatlichen Macht betrachtet werden; vgl. dazu Band 14, S. 73 – 74, und Band 16, S. 340 – 341. - Petrol-Trust, in: Band 13, S. 145 – 147. -
[17] Internationale Valuta-Assoziation, in: Band 12, S. 149 – 195, insbesondere S. 182 – 195. Zur Lateinischen Münzunion gehörten im 19. Jahrhundert Belgien, Frankreich, die Schweiz, Italien und Griechenland. - Zur kritischen Rezeption der IVA vgl. Hugo Godschalk, Keynes-Plan 1944 und Silvio Gesells IVA-Plan, in: Fragen der Freiheit Nr. 206 / 1990, S. 35 – 46.
[18] Band 9, S. 79 – 83. - Band 10, S. 75, 131 und 300. - Band 11, S. 72 und 99. - Band 13, S. 170.
[19] Band 10, S. 254 – 255. – Band 12, S. 303 – 305.
[20] Richard Coudenhove-Kalergi, Kampf um Paneuropa, 3 Bände 1925 – 1928; ders., Die Europäische Nation (1953); ders., Weltmacht Europa (1971).
[21] Der Vereinigte Unsinn von Europa - Gegen den europäischen Zollverein (1926), in: Band 16, S. S. 72 – 77. - Vgl. dazu auch Band 16, S. 291; Band 17, S. 195, und Band 18, S. 327 und 395.
[22] Band 11, S. 56 und 64 – 66 (Kritik am Völkerrecht). – Band 12, S. 304 – 305. – Band 15, S. 198 – 202. - Zur Überlegung, die IVA an den Völkerbund anzugliedern, vgl. einen Brief von Gesell an Hans Bernoulli vom 12. 1. 1928, in: Band 18, S. 3
[23] Zu den außenpolitischen und weltwirtschaftlichen Vorstellungen des Kreisauer Kreises vgl. Jan Kubista, Die europapolitischen Gedanken des Kreisauer Kreises und ihre Bedeutung für die europäische Einigung, in: Zeitschrift für Sozialökonomie 143. Folge / 2004. – Vgl. auch Daniela Rüther, Der Widerstand des 20. Juli auf dem Weg in die Soziale Marktwirtschaft, Paderborn 2002, S. 309 – 312. Rüther verweist auch auf Vorbehalte gegenüber einer europäischen Gemeinschaftswährung. (S. 312)
[24] John Maynard Keynes, International Clearing Union, in: Stefan Leber (Hg.), Wesen und Funktionen des Geldes - Zahlen, Leihen und Schenken im volkswirtschaftlichen Prozess, Stuttgart 1989, S. 323 - 349. – Vgl. Elimar Rosenbohm, Internationale Währungsordnung - 25 Jahre Bretton-Woods-Abkommen, in: mensch-technik-gesellschaft - Zeitschrift für Sozialökonomie 18. Folge / 1970, S. 7 – 23. - Wilhelm Hankel, John Maynard Keynes - Die Entschlüsselung des Kapitalismus. München 1986, S. 70 und 77ff, 121 und 131. - Dieter Senghaas, Die Konstitution der Welt - eine Analyse in friedenspolitischer Absicht, in: Leviathan Nr. 1 / 2003, S. 117 – 152, hier: S. 135 und 144. Allerdings führt Senghaas die ökonomischen „Entgrenzungsprozesse“ (S. 118) auf der Welt nicht auf ihre monetären Wurzeln zurück.
[25] Eine Grenze wie der Europa mit Mauern, Stacheldraht und Selbstschussanlagen teilende Eiserne Vorhang wäre für Gesell völlig unvorstellbar gewesen. Vgl. die Anm. 1. - Werner Schmid, Der Weg zu einem freiheitlichen Europa, in: Blätter der Freiheit Nr. 7-8 / 1953, S. 299 – 315.
[26] Hans-Joachim Werner, Geschichte der Freiwirtschaftsbewegung - 100 Jahre Kampf für eine Marktwirtschaft ohne Kapitalismus, Münster 1989, S. 94 – 100. - Zur Ablehnung der Atomenergie vgl. Johannes Ude, Atomare Götzendämmerung, Grundlsee 1958. - Johannes Ude, Das Verbrechen der atomaren Aufrüstung und des Atomkriegs, Graz 1958. - Walter Moré, Die deutsche Frage, in: Informationen für Kultur, Wirtschaft und Politik Nr. 8 / 1959, S. 8 – 14.
[27] Herbert K.R. Müller, Europäische oder universelle Integration?, in: Informationen für Kultur, Wirtschaft und Politik Nr. 10 / 1960, S. 11 – 17. - Herbert K.R. Müller, Die ökonomischen, sozialen und politischen Hintergründe der westlichen Hilfe für die unterentwickelten Länder, in: Informationen für Kultur, Wirtschaft und Politik Nr. 8 / 1961, S. 2 – 32 (Sonderausgabe der „Informationen“ für die Opfer der westlichen „Entwicklungshilfe“)
[28] Elimar Rosenbohm, Supranationale oder föderative Europapolitik, in: mensch-technik-gesellschaft / Zeitschrift für Sozialökonomie 7. Folge / 1966, S. 39 – 48, hier: S. 42 und 44ff.
[29] Karl Walker, Neue Europäische Währungsordnung?, in: mensch-technik-gesellschaft / Zeitschrift für Sozialökonomie 19. Folge / 1970, S. 17 – 24, hier: S. 17 – 18.
[30] Karl Walker, Neue Europäische Währungsordnung. Lauf bei Nürnberg 1962, S. 113 – 133. Walker verwies darauf, dass ähnliche Überlegungen in einem 1961 auf IWF-Ebene diskutierten „Triffin-Plan“ enthalten gewesen seien. (S. 115) - Karl Walker, Neue Europäische Währungsordnung?, in: mensch-technik-gesellschaft /Zeitschrift für Sozialökonomie 19. Folge / 1970, S. 20 – 22. – Vgl. auch Hans Hoffmann, Voraussetzungen einer Europäischen Währungsintegration, Hamburg 1970. - Nach dem Zusammenbruch des Systems von Bretton Woods betonte Hoffmann die Notwendigkeit, die „Erosion der nationalen Währungen“, die zugleich eine Erosion der Freiheit und des Sozialen sei, aufzuhalten und Stabilitätsvoraussetzungen für eine Integration zu schaffen; in: ders., Woran scheitert die Europäische Wirtschafts- und Währungsordnung?, Hamburg 1974.
[31] Roland Geitmann, Mitteleuropas Brückenfunktion - Fragen an die Freiwirtschaft, in: Zeitschrift für Sozialökonomie 78. Folge / 1988, S. 3 – 7.
[32] Dirk Löhr, Europäische Zentralbank - Europäische Währungsunion: Das Ende der Stabilitätskultur, in: Zeitschrift für Sozialökonomie 93. Folge / 1992, S. 3 – 20, hier: S. 13.
[33] Dirk Löhr, Der Euro – Niederlage der Vernunft, in: Zeitschrift für Sozialökonomie 117. Folge / 1998, S. 21 – 34. - Thomas Betz, Was der Euro soll und was eine internationale Währung wirklich sollte, in: Zeitschrift für Sozialökonomie 117. Folge / 1998, S. 35 – 43. - Eckhard Behrens, Der Euro und wir, in: Fragen der Freiheit Nr. 248 / 1998. S. 24 – 28. – Hankel sprach sich bereits zu Beginn der 1990er Jahre gegen die weitere Bildung „protektionistischer Währungsblöcke“ aus und bevorzugte eine „europäische Parallelwährung“ anstelle einer „europäischen Megawährung“; in: ders., Dollar und ECU - Leitwährungen im Widerstreit, Frankfurt 1992, S. 121 – 122 sowie S. 22 – 23 über den Bancor.
[34] Günter Hannich, Editorial / Das sollten Sie unbedingt wissen, in: Humanwirtschaft Nr. 1 / 2004, S. 1 - 4. Fragwürdig ist die Frage „Der Euro als Endlösung für Europa?“ im Titel eines Buches von Hannich (Stuttgart 2003).
[35] Hans Bernhard Zill, Europa als Ideal und Wirklichkeit, in: Humanwirtschaft Nr. 1 / 2004, S. 18 – 20. - Eberhard Hamer im Interview mit Günter Hannich, in: Humanwirtschaft Nr. 2 / 2004, S. 12.
[36] Margrit Kennedy und Bernard Lietaer, Regionalwährungen - Neue Wege zu nachhaltigem Wohlstand, München 2004, S. 94 – 132.
[37] Marvin Goodfriend, Overcoming the Zero Bound on Interest Rate Policy, in: Journal of Money, Credit and Banking Vol 32, No. 4 / November 2000, Part 2, p. 1007 – 1035.. – Vgl. dazu Norman Ehrentreich, Die Nullschranke nominaler Zinsen als geldpolitische Restriktion in der wissenschaftlichen Diskussion, in: Zeitschrift für Sozialökonomie 124. Folge / 2000, S. 9 – 15. - Zur deutschen Wiedervereinigung vgl. Thomas Betz, 10 Jahre keine Einheit - Ein Kompendium wirtschaftspolitischer Fehler, in: Zeitschrift für Sozialökonomie 127. Folge / 2000, S. 2 – 19.
[38] Europäischer Konvent (Hrsg.), Entwurf eines Vertrags über eine Verfassung für Europa, Brüssel 2003. - Vgl. hierzu Roland Geitmann, Europa in guter Verfassung?, in: Zeitschrift für Sozialökonomie 143. Folge / 2004.
[39] Deutsche Gesellschaft für die Vereinten Nationen (Hg.), Bericht über die menschliche Entwicklung 1999 (UNDP), Bonn 1999, S. 122. – Zu Keynes’ Bancor-Plan vgl Anm. 23 und Thomas Betz, Was der Euro soll und was eine internationale Währungsordnung wirklich sollte, in: Zeitschrift für Sozialökonomie 117. Folge / 1998, S. 35 – 43, hier: S. 39ff.
[40] Um eine „Weltumweltpolitik“ zu ermöglichen, schlug Udo Ernst Simonis die Gründung einer besonderen Organisation der UN vor; vgl. Udo Ernst Simonis, Projekt 2000 - Eine Weltorganisation für Umwelt und Entwicklung, in: Wilhelm Nölling, Karl Albrecht Schachtschneider und Joachim Starbatty Hrsg., Währungsunion und Weltwirtschaft, Stuttgart 1999, S. 393 – 409. - Innerhalb der Geld- und Bodenrechtsreformbewegung kommen dem Fritz Andres und Dirk Löhr am nächsten. Fritz Andres, Wieviel Erde braucht der Mensch? In: Fragen der Freiheit Nr. 257 / 2001. – Ders., Klimapolitik als Ordnungspolitik, in: Fragen der Freiheit Nr. 258 / 2001. – Ders., Zur Strategie der Abfallvermeidung und des Recycling, in: Fragen der Freiheit Nr. 265 / 2004. - Dirk Löhr, Nachhaltige Ressourcennutzung als Option, in: in Fragen der Freiheit Nr. 265 / 2004.
[41] Allerdings hat die Geld- und
Bodenrechtsreformbewegung die UN lange Zeit weitgehend aus den Augen verloren.
Zu den wenigen Ausnahmen gehörte Walter Moré, Völkerrecht in der Gegenwart, in:
Informationen für Kultur Wirtschaft und Politik Nr. 7 / 1960, S. 11 – 17. Vgl. außerdem Hans Hoffmann, Kennen Sie die
UNO? -
Das Wichtigste über die Vereinten Nationen und deren Organisationen,
Bern 1986. - Vgl. außerdem Thomas Betz,
IWF und Weltbank zwischen Anspruch und Wirklichkeit, in: Zeitschrift für
Sozialökonomie 132. Folge / 2002, S. 17 – 33. – Über die UN vgl. Sven Gareis
und Johannes Varwick, Die Vereinten Nationen
- Aufgaben, Instrumente und
Reformen. Bonn: Bundesanstalt für politische Bildung, 2. Auflage 2003. - Inge Kaul, Isabelle Grunberg und Marc Stern Hrsg., Global Public
Goods - International Cooperation on the 21st Century, New York 1999.
[42] Bernard Lietaer, Das Geld der Zukunft, München 1999, S. 374 und 381 – 386.
[43] Dieter Senghaas, Die Konstitution der Welt - eine Analyse in friedenspolitischer Absicht, in: Leviathan Nr. 1 / 2003, S. 144 und 146. - Vgl. Thomas Betz, Tendenzen und Hindernisse zur Integration der Weltgemeinschaft, in: Fragen der Freiheit Nr. 255 / 2000, S. 14 – 35.